quinta-feira, junho 29

a riqueza de Fidel Castro

Encotrei este texto escrito no blog http://abruzolhos.blogspot.com/ e não resisti a publicar.Leiam é muito interessante.

"A 4 de Maio de 2006, a revista Forbes publicou a lista dos governantes mais ricos do mundo. Como no ano anterior, a Forbes inclui na sua classificação o Presidente Fidel Castro, a quem atribui uma fortuna pessoal de 900 milhões de dólares. Assim, o chefe do Estado cubano seria o sétimo dirigente mais rico do planeta. A imprensa internacional agarrou imediatamente a informação para a divulgar de maneira estrepitosa e desproporcionada.Em 2003, a Forbes atribuía a Fidel Castro uma fortuna pessoal de 110 milhões de dólares. Dois anos depois, em 2005, a soma era multiplicada subitamente por cinco para alcançar os 550 milhões de dólares. Agora, seria de 900 milhões de dólares.A imprensa internacional não se dignou a analisar a maneira, muito reveladora, de como se efectua o cálculo da suposta fortuna do presidente cubano, legitimando de facto as afirmações da revista norte americana. A própria Forbes confessa descaradamente que o seu cálculo é “mais arte que ciência”. Com efeito, até à notícia de 2003, a Forbes contentava-se em atribuir, de forma arbitrária, uma parte do PIB cubano, cerca de 10%, a Fidel Castro.Em relação à notícia de 2006, a Forbes “assume que [Fidel Castro] exerce um controlo económico sobre uma rede de empresas do Estado, incluindo o Palácio de Convenções, um centro de convenções nos arredores de Havana; Cimex, um conglomerado de vendas e a Medicuba, que vende vacinas e outros medicamentos produzidas em Cuba. Antigos altos funcionários cubanos insistem em que Castro, que viaja unicamente com um cortejo de Mercedes negros, retirou benefícios destes negócios durante anos. Para conseguir um valor concreto, utilizamos um método que calcula as entradas de dinheiro líquido para valorizar estas empresas, e assumimos que uma parte de este fluxo de benefícios vai para Castro”.A exposição da Forbes não resiste à análise e está salpicada de torpezas grosseiras. Primeiro, o Palácio de Convenções é um edifício público onde acontecem as reuniões da Assembleia Nacional, os diferentes congressos internacionais, e não gera nenhuma receita para o Estado Cubano. Depois, a Cimex e a Medicuba são monopólios do Estado. Convém salientar que a legislação cubana não permite aos particulares ser proprietários de empresas deste tamanho. Se seguíssemos o raciocínio utilizado pela revista, o presidente francês, Jacques Chirac, seria multimilionário, pois possuiria as empresas nacionais tais como La Poste, Air France, EDF-GDF e France Télécom. Por fim, a revista fica impressionada com o facto de que o presidente cubano viaje com um cortejo de Mercedes que, diga-se de passagem, data dos anos 80. Assumimos portanto que o presidente Bush viaja de táxi e que o presidente Chirac utiliza o metro.A revista admite que não dispõe de nenhuma prova relativamente a eventuais contas bancárias do presidente cubano no exterior. A Forbes reconhece também que a fortuna que atribui a Fidel Castro calcula-se de uma maneira fantasiosa e por isso passou de 110 a 900 milhões de dólares em apenas quatro anos. Seguramente alcançará novos patamares em 2007. Não obstante, a imprensa internacional não vacilou em divulgar a informação apesar da sua flagrante falta de credibilidade.Relativamente a Forbes, esse sim multimilionário, vale a pena recordar que é íntimo dos neo-conservadores norte-americanos em geral e do presidente Bush em particular. Foi candidato à presidência do partido republicano duas vezes, em 1996 e em 2000. Também é presidente de honra da Fundação Nacional Cubano Americana (FNCA), uma organização criada por Ronald Reagan nos anos 1980 e dirigida pelos descendentes da oligarquia cubana pré-revolucionária. Esta não tem outro objectivo senão derrubar o governo cubano por todos os meios, incluindo o terrorismo. Mas estes detalhes, aparentemente, escaparam à sagacidade dos jornalistas internacionais que deram o aval à notícia da Forbes sem nenhuma reserva.O presidente cubano respondeu a estes ataques lançando um repto: “Desafio-os, nomeadamente ao presidente Bush, à CIA, aos 33 organismos de inteligência dos Estados Unidos, aos milhares de bancos que há no mundo e aos criados da revista Forbes, que me atribuem uma fortuna de 900 milhões de dólares, a que provem que tenho só que seja um único dólar no exterior [...]. Se provarem que tenho um único dólar, renuncio ao meu cargo e às funções que estou desempenhando, já não lhes fariam falta planos [para matar-me]. Ofereço-lhes toda esta suposta fortuna se encontrarem uma só prova. Para que quero dinheiro, se vou fazer 80 anos e não o quis antes? [...] Não nasci totalmente pobre. O meu pai possuía milhares de hectares de terra. Com o triunfo da Revolução, essas terras foram entregues a operários e camponeses”.Esta nova campanha mediática enquadra-se na estratégia de desinformação da Casa Branca. A imprensa internacional tem a sua responsabilidade. Por exemplo, em vez de participar nesta histeria colectiva, podia informar a opinião pública de que o Estado da Florida acaba de proibir as suas universidades de financiar intercâmbios académicos com Cuba ao adoptar uma lei que muitos consideram ilegal.Na mesma linha de actuação, a cidade de Miami quer proibir a presença de um livro de fotos de crianças cubanas, realizado por George Acona, nas bibliotecas municipais e escolares, pois seria ideologicamente orientado. De facto, o livro atreve-se a retratar crianças sorrindo, sublinha que a educação e a saúde são gratuitas em Cuba, e denuncia que as sanções económicas norte-americanas prejudicam o bem-estar dos cubanos. Como se não bastasse, comete o espantoso crime de mostrar uma jovem sorrindo diante do seu bolo de aniversário quando “nem sequer há caramelos, nem farinha para fazer o bolo” em Cuba, segundo os detractores do livro. Mas este tipo de censura não interessa à imprensa. Outro feito notável, os Estados Unidos proibiram os seus atletas de boxe de participarem na terceira Olimpíada do Desporto que se celebrou em Cuba em Abril de 2006, enquanto que 153 atletas de onze países estiveram presentes em La Habana. Esta flagrante violação da liberdade de viajar de jovens cidadãos norte-americanos também não causou qualquer comoção no seio da imprensa “democrática” do planeta.O ministro da Saúde do Paquistão, Nazim Khan, declarou que o terramoto de 18 de Outubro de 2005, que causou a morte de mais de 75.000 pessoas, teria sido muito mais devastador sem a presença dos médicos cubanos. Efectivamente, cerca de 2.500 médicos e outro pessoal de saúde enviados pelo governo de Havana, permitiram atender mais de 1.700.000 vítimas paquistanesas atingidas pelo sismo. O presidente paquistanês, Pervez Musharraf agradeceu a Fidel Castro e aos médicos que exerceram o seu ofício em condições climáticas terríveis (no Inverno, as temperaturas rondam os 50° negativos). A presença dos profissionais cubanos neste país durou até 18 de Maio de 2006, no mais absoluto anonimato. As missões humanitárias cubanas, únicas no mundo, nunca mereceram a atenção da imprensa internacional.Que um aliado da Casa Branca como Forbes, vinculado à extrema direita e cujo objectivo mais ambicionado é a aniquilação do projecto socialista cubano estigmatize Fidel Castro, é pouco surpreendente. Mas, que todas as transnacionais da informação entoem em coro, com manifesto júbilo, uma invenção de cabo a rabo, somente para desacreditar as autoridades cubanas e correr uma cortina de mentiras fantasiosas sobre a realidade da Ilha, indica até que ponto a deontologia jornalística caiu no esquecimento."


Salim Lamrani
Rebelión.org24-05-2006

segunda-feira, junho 26

Carta ao BUSH

Andava a dar volta aos meus recortes e descobri este que tive muita vontade de publicar.É uma suposta carta de Mia Couto ao BUSH...para ler e pensar..
"
Senhor Presidente:
Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito. Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir? A nossa arma de destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a miséria.
Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo, o nosso vizinho - a África do Sul do "apartheid" - violava de forma flagrante os direitos humanos. Durante décadas fomos vítimas da agressão desse regime. Mas o regime do "apartheid" mereceu da vossa parte uma atitude mais branda: o chamado "envolvimento positivo". O ANC esteve também na lista negra como uma "organização terrorista!". Estranho critério que levaria a que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de "freedom fighters" por estrategas norte-americanos.
Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos. Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva. Por razão desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho, infelizmente. Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é tão grande que escolherei apenas alguns:
- Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas sobre outras nações;
- O seu país foi a única nação a ser condenada por "uso ilegítimo da força" pelo Tribunal Internacional de Justiça;
- Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os invasores russos no Afeganistão; - O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos em 1998);
- Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídico;
- Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana: o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos EUA até que ele deixou de ser conveniente, em 1992;
- A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração Clinton foi "o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não queremos retirar-lhe essa responsabilidade";
- O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant um dos líderes mais sanguinários do Taiti cujas forças para-militares massacraram milhares de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.
- Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.
- Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel) a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países. - Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista de golpes preparados pela CIA é bem longa.
- Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba (1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos (1961-1973), o Vietname (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala (1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador (1980), a Nicarágua (1980), o Irão (1987), o Panamá (1989), o Iraque (1990-2001), o Kuwait (1991), a Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão (1998), o Afeganistão (1998), a Jugoslávia (1999)
- Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.
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- O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500 000 crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química das forças norte-americanas.
Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador. Mas ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e das convenções do direito internacional. Estaremos, enfim, mais sós e mais desamparados.
Senhor Presidente:
O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150 000 homens.
O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam. São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções.
Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu: "Estamos destruindo toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e imoral". Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças iraquianas.
Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem continuamente bombardeamentos desde há 12 anos. Acredita-se que 500 iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso massivo de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado no Kosovo)
Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos, precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros quando se tiver que gastar fortunas em armas. Como o seu país que despende 270 000 000 000 000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a mudar o destino miserável de milhões de seres.
O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu- lhe no final do ano passado uma carta intitulada "Porque é que o mundo odeia os EUA?" O bispo da Igreja Católica da Florida é um ex--combatente na guerra do Vietname. Ele sabe o que é a guerra e escreveu: "O senhor reclama que os EUA são alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Que absurdo, Sr. Presidente! Somos alvos dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais ? E o bispo conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. Alguma vez o senhor ouviu falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas multinacionais."
Senhor Presidente:
Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos vê- lo assinar a Convenção de Kyoto para conter o efeito de estufa. Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o Racismo.
Não se preocupe, senhor Presidente. A nós, nações pequenas deste mundo, não nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as vossas sucessivas administrações concederam apoio a não menos sucessivos ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos. O perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento de superioridade que parece animar o seu governo. O seu inimigo principal não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos próprios americanos.
Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de pensar.

sexta-feira, junho 16

Mulher

Hoje dedico as palavras do camarada Álvaro á minha companheira de hoje e para sempre.
"A feminilidade e a baleza são uma coisa, encanto e outra.Uma vez, uma revista femenina pediu-me uma colunazinha sobre o encanto da mulher e eu tive ocasião de dizer que o encanto de uma mulher não é apenas o encanto físico, que toda a mulher é susceptível de encantar.A beleza física não é a unica determinante no amor.Não são so merecedoras de amor as mulheres belas.Quanto á representação da mulher nos desenhos, a beleza tem importancia na comunicação e não é por acaso que os pintores da mulher, de todas as escolas. muitas vezes procuram mulheres bonitas para pintarem.
(...)
A mulher é um elemento e um valor sem comparação com quaisquer outros na vida , alegria e felicidade do homem."
Álvaro Cunhal, " cinco conversas com Álvaro Cunhal"1999

quinta-feira, junho 15

DEUS

"O homem procurou fora do mundo um ser superior e encontrou uma pálida imagem de si mesmo.O homem deu uma forma de inumana humanidade ás forças naturais que o esmagavam com o seu mistério.Atirou assim Deus para o campo do desconheçido.Mas o mundo encheu-se e impregnou-se de crenças.E muitos homens quedaram na ignorância de que Deus era obra sua."
Álvaro Cunhal, "O Diabo", 1940
Não acredito que, no monoteísmo, que é a imaginação de um Deus superior a todos os outros, um Deus tenha barbas como os homens, não vejo qual possa ser a razão de que esse ser superior, que comanda os destinos da humanidade, seja igual à humanidade.Daí podermos dizer que esse Deus com barbas ter sido criado à imagem e semelhança do homem, porque foi o próprio ser humano que o criou."
Álvaro Cunhal, "Entrevista para um curso de filosofia política", 1998
"Se se propaga que o destino do homem é traçado por Deus e se implora a Deus a solução dos problemas que afligem a humanidade, se se apregoa a resignação, isso leva à descrença na luta e à apatia.
(...)
Eu não tenho relegião, não acredito em Deus, nem tenho nada contra quem acredita, mas o que não compreendo é que a crença num ser superior dê origem a tanta coisa má e a tantos maus sentimentos, quando devia ser precisamente o contrário"
Álvaro Cunhal, "cinco conversas com Álvaro Cunhal", 1999

quarta-feira, junho 14

ADOLESCÊNCIA

"Adolescência.Os corpos fazem veementes apelos á reprodução e ao prazer.Desperta vibrantemente a maturidade.O desejo ardente dum afecto e duma fantasiada realização brota com violência das entranhas.
Sonha-se, sofre-se, criam-se as próprias ilusões e as próprias torturas.
Uma nova preocupação ganha corpo e espírito.Essa preocupação inquieta, excita, magoa.Causa insónias e lágrimas silenciosas.Às exigências do estômago que quer alimentos e dos pulmões que querem ar, uma nova exigência se junta, menos precisa talvez, mas mais obcecante e total.Apenas agora não é objecto inanimado que será capaz de satisfazê-la.É um ser humano susceptivel de sofrer e de gozar.Esse é o traço distintivo que separa esta nova exigência das exigências do pão, do ar, do fato, da escola"
Álvaro Cunhal, "Sol Nascente", 15 de Outubro de 1939

terça-feira, junho 13

Felicidade

"Pode não conhecer-se o triunfo.Mas pode soçobrar-se, sem que no mundo fiquem so trevas.Talvez assim nos venha acalentar a necessidade de ujm sacrificio heroico.E então, porque não falar de felicidade?
(...)
A felicidade só pode existir como um atributo de toda a vida.Só a satisfação pela vida que se vive poderá tornar feliz.Há então que não subordinar as acções ao alcance dum prazer.Mas antes amoldar a ideia de felicidade á vida que se vive.Quando não nos sentimos meros joguetes de evolução mas, pelo contrário, sentimos que, mesmo ao de leve, as nossa energias modificam o seu ritmo.Quando sabemos ser leais, rectos e solidários.Quando amamos profunda e extensamente e nos sentimos capazes de sacrificadas demonstrações do nosso amor.Somos felizes porque não desejamos outra vida, porque sentimos preenchidos a própria função humana.
(...)
Se a felicidade é dada pela satisfação da linha de conduta, pela satisfação de que se procede bem, nada, nada, nem os gritos da própria carne esfacelada, nem lágrimas de emoção, nem a revolta instante e desesperada pode destrui-la.Porque acima dos próprios gritos, das próprias lágrimas, do próprio desespero, fica sempre a certeza de uma vida voluntariosa e independente ou - se preferir a expressão- recta, leal, digna."

Álvaro Cunhal "O Diabo", 11 de Março de 1939.

segunda-feira, junho 12

Faz amanha um ano...

Faz amanha um ano que ele foi, que nos deixou do uníco mundo que existe.Foi o corpo mas ficaram as ideias, ficaram os príncipios e os retratos de uma vida.Nesta semana que ai vem, vou transcrever as palavras dele àcerca de vários assuntos.Essas palavras encontram-se compiladas num livro de Miguel Carvalho "Álvaro Cunhal, Íntimo e Pessoal".Gostava que todos os lessem para terem uma ideia da visão do homem e das ideias da pessoa.Para quem não o faz, ficam aqui umas passagens do mesmo.
"Quem á afinal Álvaro Cunhal? Será que o conhecemos tão bem como julgávamos? Que retrato é possivel fazer do homem , do político, á dimensão mais humana, pelas suas próprias palavras, pelos sinais e as entrelinhas que ele foi deixando? "...
"Álvaro cunhal não foi apenas o político coerente, de insuspeita verticalidade e princípios, de sacrificios e convicção dados à luta por um ideal.E pela nossa Liberdade.Mesmo os que legitimamente não se identificam com os propósitos da luta de toda a sua vida, reconhecem-no.
Como ele sempre disse, o artista, o companheiro, o marido, o escritor, o homem simples e o político foram uma e a mesma pessoa. indissociáveis"
Extraido do livro "Álvaro Cunhal, Íntimo e Pessoal" de Miguel Carvalho