sábado, outubro 15

Obrigada...

Quem me ama enviou-me este texto, adorei...

"é como um infindável mas ensurdecedor silencio, uma dor tao profunda einsuportavel como se alguem nos apertasse com força o coraçao, sugasseo que temos no peito, que insiste em não querer sair..na cabeça só oeterno som do vento,das folhas, como um frio e chuvoso dia de outono,em que sós na estrada, nos sentamos vazios e choramos com a chuva. eassim desejamos permanecer para sempre, imóveis,cansados,desistentes.o caminho torna-se mais longo a cada passo, e a gargantanada deixa passar, dói.tudo é excessivamente doloroso, tudo é vontadede xorar, de permanecer na escuridão.o frio interior, o corpo trémulo,os olhos rasos, a boca eternamente fechada, abri-la é inutil, écansaço também.falar, rir, sorrir.como custa tudo isto..entrar emnós.é isso, entrar e nao sair, como duas meias que se enrolam sobresi,para si, e ficar assim, deixar ficar preguiçosamente tudo comoestá, porque custa demais não chorar, não pensar, não sofrer.mastambém porque tudo isto custa, e dói.apenas o corpo denuncia a nossapresença, mecanicamente vamos existindo para os outros e o mundo nãonos julgarem tambem mortos, paranos protegermos das infindaveisinterrogaçoes, para fingirmos continuar o ritmo da sociedade, para quepensem e pensemos que afinal tudo passa.como dói tudo isto, e como dóinão querer sair disto, deste confortavel sofrimento, desta descargacontinua de emoções à flor da pele e do pelo (que mais à superficieestá), deste colo de nós mesmos emque somos simultaneamente abraço esolidão..tudo isto passa, um dia.todo este frio, o gelo que deixamosformar dentro de nós,a barreira que criamos com o resto do mundo,porque é doloroso demais ouvir vozes, ou não as ouvir mas assistir aocinema mudo que nos rodeia,à vida frenetica que nos deixou esquecidose que queremos não apanhar.tudo isto passa quado aos poucos formosabrindo as nossas janelas,deixando timidamente entrar o sol, o ruido,a vida, e por fim as pessoas.que essas custa a encarar.que essas nãosão eternas como o assobio do vento, essas não nos prometem sereternas, e, quando despreocupadamente as julgamos na nossa sala deespera, elas saem, sem avisar sem dar motivos nem mostras de queestavam so de passagem, e simplesmente se cansaram.tudo passa..acomeçar pela própria vida..tudo passará.quando?não interessa,agora,sentado preguiçosamente na minha tristeza, kero que nada passe.querosimplesmente ficar,sozinho, na estrada molhada, num dia ventoso deoutono, a sentir as folhas cair e a chuva colar-se-me ao corpo,trespassá-lo e deixá-lo ao abandono da sua eterna saudade."

"silencio antes de nascer, silencio depois da morte.a vida é um meroruído entre dois insondáveis silêncios." (fernandopessoa)

Paula Rodrigues

1 Comments:

At segunda-feira, 17 outubro, 2005, Blogger Proud Bookaholic Girl said...

Lindo... Muito lindo mesmo... Diria até arrepiante. Pouco ou nada se pode dizer quando se perde alguém de quem gostamos... Deixo-te aqui esta breve passagem que está no meu blog:

"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares

 

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