terça-feira, abril 25

as portas que ele abriu e nos constantemente fechamos..



Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro que dormia com o gado
onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país de tal maneira
explorado pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz que nos tempos do passado
se chamava esse país Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras vivia
um povo tão pobre que partia para a guerra
para encher quem estava podre de comer a sua terra.

Um povo que era levado para Angola nos porões
um povo que era tratado como a arma dos patrões
um povo que era obrigado a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado a defender um irmão
esses que tinham passado o horror da solidão
esses que tinham jurado sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto tem de haver distanciação
uma pistola guardada nas dobras da sua opção
uma bala disparada contra a sua própria mão
e uma força perseguida que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado e no seu próprio país muitas vezes estrangulado pelos generais senis.
Capitão que não comanda não pode ficar calado é o povo que lhe manda ser capitão revoltado é o povo que lhe diz que não ceda e não hesite– pode nascer um país do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue– é força revolucionária!

Foi então que Abril abriuas portas da claridadee a nossa gente invadiua sua própria cidade.
Disse a primeira palavra na madrugada serena um poeta que cantava o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras desceram homens sem medo marujos soldados «páras» que não queriam o degredo dum povo que se separa. E chegaram à cidade onde os monstros se acoitavam era a hora da verdade para as hienas que mandavam a hora da claridade para os sóis que despontavam e a hora da vontade para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas encontros esquinas e praçasnão se pouparam as feras arrancaram-se as mordaças e o povo saiu à rua com sete pedras na mão e uma pedra de lua no lugar do coração.
Dizia soldado amigo meu camarada e irmão este povo está contigo nascemos do mesmo chão trazemos a mesma chama temos a mesma ração dormimos na mesma cama comendo do mesmo pão. Camarada e meu amigo soldadinho ou capitão este povo está contigo a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer esta ausência de suspiros esta fúria de viver este mar de vozes livres sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra.

Foi esta força virilde antes quebrar que torcerque em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer.

E em Lisboa capitaldos novos mestres de Avizo povo de Portugaldeu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas. Saiu das vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras onde um povo se curvava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe. Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias se escancararam de vez essas janelas vazias que se encheram outra vez e essas celas tão friastão cheias de sordidez que espreitavam como espias todo o povo português.

Agora que já floriu a esperança na nossa terra as portas que Abril abriu nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou nas ruas em procissão de novo se processou a própria revolução.
Mas eram olhos as balas abraços punhais e lanças enamoradas as alas dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido tantas vezes repetido dizia que o povo unido jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros pescadores e ganhões marçanos e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões souberam que o seu dinheiro era presa dos patrões.

A seu lado também estavam jornalistas que escreviam actores que se desdobravam cientistas que aprendiam poetas que estrebuchavam cantores que não se vendiam mas enquanto estes lutavam é certo que não sentiam a fome com que apertavam os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura escrever constrói liberdade e não há coisa mais pura do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados na mesma luta de ideais ambos sectores explorados ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam entre pragas e perjúriosagulhas que se espetavam silêncios boatos murmúrios risinhos que se calavam palácios contra tugúrios fortunas que levantavam promessas de maus augúrios os que em vida se enterravam por serem falsos e espúrios maiorais da minoria que diziam silenciosa e que em silêncio fazia a coisa mais horrorosa:minar como um sinapismo e com ordenados régios o alvor do socialismo e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro que sucedeu a vindima quando pisámos Setembro a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte que sabia tanto a Abril que nem o medo da morte nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé juntos soldados e povo para mostrarmos como é que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa! E a reacção não passou.Quem já viveu a desgraça odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono mais forte que a Primavera que trouxe os homens sem dono de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros pescadores e ganhões operários e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões que deu o poder cimeiro a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todosnós repartimos o pãoé que acabaram os bodos— cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas palácios e palacetes os generais com prebendas caciques e cacetetes os que montavam cavalos para caçarem veados os que davam dois estalos na cara dos empregados os que tinham bons amigos no consórcio dos sabões e coçavam os umbigoscomo quem coça os galões os generais subalternos que aceitavam os patrões os generais inimigos os generais garanhões teciam teias de aranha e eram mais camaleões que a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões. Com generais desta apanha já não há revoluções.
Por isso o onze de Março foi um baile de Tartufos uma alternância de terços entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagarcom o sangue de um soldadoo preço de já não estarPortugal suicidado.
Fugiram como cobardes e para terras de Espanha os que faziam alardes dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé capitães de pedra e cal os homens que na Guiné aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram que um animal racionalopõe àqueles que o firam consciência nacional.
Os tais homens que souberam fazer a revolução porque na guerra entenderam o que era a libertação.

Os que viram claramente e com os cinco sentidos morrer tanta tanta gente que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço temperado com a tristeza que envolveram num abraço toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita e depois tão maltratada por quem herdou a desdita da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo pois o mar não tem patrões.– Não havia estado novo nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjurae uma vela desfraldadapara levar a ternuraà distância imaginada.
Foi este lado da história que os capitães descobriram que ficará na memória das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram o nosso abraço profundo aos povos que agora deram novos países ao mundo.

Por saberem como é ficaram de pedra e cal capitães que na Guiné descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram o que deviam fazer:ao seu povo devolveram o que o povo tinha a haver:Bancos seguros petróleos que ficarão a render ao invés dos monopólios para o trabalho crescer. Guindastes portos navios e outras coisas para erguer antenas centrais e fios dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio é preciso é aquecer pensar que somos um rio que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho no Alentejo com pãono Ribatejo com vinho na Beira com requeijão e trocando agora as voltas ao vira da produção no Alentejo bolotas no Algarve maçapão vindimas no Alto Douro tomates em Azeitão azeite da cor do ouro que é verde ao pé do Fundão e fica amarelo puro nos campos do Baleizão. Quando a terra for do povo o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária em sua própria expressão:a maneira mais primária de que nós temos um quinhão da semente proletária da nossa revolução.

Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiuo que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza! De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse. Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder! E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesiavolta à barriga da mãe! Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!

José Carlos Ary dos Santos
Lisboa, Julho-Agosto de 1975




23 Comments:

At quarta-feira, 26 abril, 2006, Blogger @leX said...

Porra, que grande Copy+Paste!!!

Basta 3 palavras: "25 Abril Sempre"

Abraços

 
At sábado, 03 junho, 2006, Anonymous Anónimo said...

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