domingo, janeiro 15

Parece que ele transbordou..



Parece que sim..Parece que nem houve lugar para toda a gente..houve quem ficasse de fora no pavilhão atlântico..Para ver o óperário falar, esse mesmo que é representante de um partido que defende a maioria da população portuguesa e que neste combate é candidato á Presidência da Républica..Magnífico!!
Intervenção de Jerónimo de SousaCandidato à Presidência da RepúblicaPavilhão Atlântico – Lisboa14 de Janeiro de 2006
"Aqueles que pensavam que nos desmobilizavam com o anúncio da vitória antecipada da direita e que nos levavam a baixar a bandeira do combate por um Portugal com futuro, têm aqui, neste grandioso comício a resposta!

A resposta dos que nunca desistem dos combates antes de os travarem!

A resposta daqueles que estão convictos da justeza de uma luta e de um projecto que nasceu com Abril e que com Abril e com o povo quer construir o futuro de Portugal!

A todos vós as minhas mais cordiais e fraternas saudações!

Vamos entrar nos derradeiros dias da campanha eleitoral. A próxima semana, será a última semana da campanha.

Esta é a semana em que precisamos de dar tudo, de mobilizar todas as energias, toda a determinação para concretizar o nosso grande objectivo.

Garantir uma grande votação na minha candidatura para derrotar o candidato da direita e fazer crescer a exigência de uma efectiva mudança na sociedade portuguesa.

Mudança que expresse uma clara ruptura democrática e de esquerda com as políticas que têm sido seguidas pelos governos dos últimos anos. Ruptura com as políticas que, de Cavaco Silva a Barroso, de Guterres a Sócrates, conduziram o país para a crise e situação de atraso em que nos encontramos.

Hoje a candidatura da direita e os partidos que a apoiam vêm dizer que o país está à beira do abismo e que só o seu candidato é a salvação.

Depois de anos a governar, à vez, o país. A partilhar hegemonicamente com o PS tudo o que é direcção do Estado, de empresas públicas e participadas. Tudo o que é instituto ou fundação.
Tudo o que é poder que alimenta a sua vasta clientela, vêm-nos dizer que o país está sem rumo e à beira do abismo.

É grande o seu descaramento! É grande a sua desfaçatez! É grande o atrevimento de quem sabe que fez o mal e agora a caramunha!

Anos a governarem agravando todos os problemas nacionais com a sua errada política. Política que o seu candidato não só não questiona, como se propõe continuar e agora vem tentar limpar as suas responsabilidades.

Tenho confiança que os portugueses no próximo dia 22 não se deixarão iludir pelos falsos profetas que prometem agora o que nunca garantiram no passado.

Tenho confiança que o povo português vai trocar as voltas à bem orquestrada campanha que dá como inevitável a vitória da candidatura da direita.

Também no passado, em 96, Cavaco Silva e os seus apoiantes afirmavam: “os nossos adversários já não conseguem impedir a onda que se estende a todo o país”, mas o voto real dos portugueses, aquele que vale, aquele que conta, derrotou-o.

Cavaco Silva não ganhará se todos os que estão contra a sua candidatura forem votar!
Esse é o grande desafio que temos pela frente nos próximos oito dias – ganhar os portugueses, ganhar os democratas para o voto na minha e nossa candidatura.

Tarefa que mais se impõe quando alguns agora se refinam na sofisticação dos mecanismos de pressão e de influência com a divulgação de sondagens e outras técnicas manipuladoras.
Sublinho e reafirmo que quem decide é o povo, é o voto do povo e não as sondagens.

Nada está resolvido. Tudo está em aberto. O voto na minha candidatura conta e contará para a derrota do candidato da direita e abrir uma nova perspectiva para um Portugal de progresso e desenvolvimento.

Mas é preciso ir também junto dos portugueses, dos homens e mulheres do campo democrático. Mulheres e homens que estão desiludidos com anos consecutivos de política de direita enganados por promessas vãs e, por isso, indecisos. Dizer-lhes que têm uma saída para as suas inquietações.

Dizer-lhes que as candidaturas, tal como os partidos não são todas iguais!
Que há uma solução para o desabrochar da esperança e para a construção da mudança!

Que a solução não é a abstenção, que não é a hora para se ficar calado ou desistir. Que o voto na minha candidatura é o voto que como nenhum outro, expressa o descontentamento, o protesto, a exigência de mudança.

É preciso dizer-lhes que chegou a hora de transformar o voto de cada um dos portugueses num poderoso BASTA! Num poderoso e firme BASTA de anos e anos de política de direita que à revelia da Constituição da República e contra ela, afunda o país e agrava a vida dos portugueses.
Dizer-lhes que é esta candidatura que afirma os valores de Abril, os valores da liberdade, da democracia, do desenvolvimento, da justiça social e da independência nacional.

Precisamos de dizer claramente a cada um e a todos os que aspiram a um Portugal com futuro que cada voto na minha candidatura é um voto que soma e que conta para derrotar Cavaco Silva.

Que a grande batalha que se impõe travar é impedir que o candidato da direita obtenha uma maioria absoluta na primeira volta.

Objectivo que perseguiremos até ao último minuto!

É por isso que não se pode perder um voto dos que aspiram uma ruptura democrática e de esquerda com as políticas que têm sido seguidas.

Quantos mais votos tiver a minha candidatura, menos hipóteses tem Cavaco Silva de vencer. É por isso que dizemos que os votos na minha candidatura são votos verdadeiramente úteis contra a política de direita e os objectivos da direita.

Votos que somam e contam não só para derrotar a candidatura da direita, mas também para afirmar uma vontade e exigência de mudança que nenhuma outra candidatura está em condições de garantir.

Isso cada vez mais portugueses o estão a compreender com o crescente apoio que tem recebido a minha candidatura e que me dizem que é possível ir ainda mais longe!
Sinto sinceramente que a minha candidatura em cada dia que passa cresce e transborda para além da minha opção partidária.

Candidatura decidida pelo PCP, recebeu uma onda de apoio, entusiasmo e participação, que lhe dão a dimensão de uma candidatura nacional, da candidatura dos trabalhadores e do povo, aquela que protagoniza o grande objectivo de um Portugal mais justo e desenvolvido.
Uma candidatura que dia a dia soma apoios de comunistas, verdes, socialistas, pessoas com outras opções partidárias ou sem opção definida e apoiam a minha candidatura pela sua dinâmica, pelos seus valores, pelo seu projecto.

Apoio crescente que me dá ainda mais força e mais determinação para avançar e ir até aonde os portugueses quiserem. Estou preparado para a segunda volta.
Estou preparado para a assumir todas as responsabilidades que o povo português me queira atribuir. Tenho razões para confiar num bom resultado, um resultado que vai, mais uma vez, derrotar todas as sondagens.

Eu confio e estou firmemente convicto que os portugueses me vão ajudar e me vão apoiar com os seus votos para fazer desta candidatura, uma candidatura com uma grande expressão nacional!

Votos que os portugueses sabem que, além de servirem para derrotar Cavaco Silva, não se perdem em nenhuma circunstância, porque se projectarão no desenvolvimento da luta futura por um Portugal melhor, mais justo, mais solidário e mais fraterno.

Votos que são dados a uma candidatura e a um candidato que jamais se retirará do combate seja qual for o seu desfecho, mas que continuará em todas circunstâncias, na Presidência ou fora dela, a luta na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo. Somos e seremos uma candidatura que marcará a diferença, pela sua coerência. A candidatura que não diz hoje uma coisa e amanhã faz outra.

Um candidato e uma candidatura que não se apresentam aos portugueses como outros, a prometer fazer e combater o que antes nunca fizeram, nem combateram.
Uma candidatura e um candidato que sente e expressa as mais sentidas e genuínas aspirações dos trabalhadores a uma vida melhor, não só porque deles veio, mas porque foi esse o combate que norteou toda a minha vida.

Os portugueses podem confiar que jamais abandonaremos o nosso compromisso de lutar contra o flagelo do desemprego que hoje atinge cerca de 500 mil trabalhadores. Os portugueses podem confiar que não deixaremos cair o compromisso assumido na defesa de uma política de desenvolvimento nacional. O compromisso que dá prioridade à promoção de uma política nacional de crescimento económico e de desenvolvimento sustentado, no respeito pelo ambiente e virados para a satisfação das necessidades de todos os portugueses. Uma política de desenvolvimento que finalmente assuma a defesa da produção nacional, o emprego e modernização das nossas capacidades produtivas, como uma questão fundamental e básica para assegurar o presente e o futuro do país e uma vida melhor para os portugueses.Compromisso que recusa o falso desenvolvimento assente nos baixos salários, na diminuição dos direitos e liberdades dos trabalhadores e numa crescente injustiça na repartição da riqueza criada. Somos e seremos uma candidatura que não se conforma com a dura realidade da pobreza que envolve cerca de 2 milhões de portugueses e que atinge em grande número os nossos idosos.Não nos conformaremos com esse Portugal aonde os 10% mais ricos continuam a dispor de 30% do rendimento nacional, enquanto que os outros 10%, os mais pobres se quedem pelos 2%.Os portugueses podem confiar que minha candidatura lutará por uma nova política de promoção da educação, da ciência e da cultura, condição para assegurar um mais elevado patamar de qualificação e formação dos portugueses e o aproveitamento pleno e dinâmico das suas potencialidades nacionais.Os portugueses podem confiar numa candidatura que afirma o direito do acesso dos cidadãos, em condições de igualdade à Justiça e aos Tribunais e no quadro dos princípios fundamentais da Constituição a garantia da independência dos Tribunais e da autonomia do Ministério Público.

Os portugueses podem confiar que jamais abandonaremos o nosso compromisso de lutar por uma melhor e mais participada democracia que queremos aprofundar no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na autenticidade da representação da pluralidade das opções políticas.

Compromisso na recusa a uma democracia tutelada pelos grandes interesses do “Partido Único dos Negócios”, onde impera a ética do vale tudo.
(...)

Cavaco Silva, na campanha eleitoral de 96, disse: “pelo seu passado, Sampaio não merece ser Presidente da República” porque “ são os comportamentos do passado …que antecipam os comportamentos do futuro”.

Sábias palavras que os trabalhadores e o povo não deviam esquecer no próximo dia 22.
De facto quem no passado, fez o que fez em dez anos de governo, como o fez Cavaco Silva que protagonizou uma das maiores ofensivas contra os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores.

Quem fez uma governação marcada pelo regresso aos salários em atraso e pelo aprofundamento do trabalho infantil, das desigualdades sociais e do crescimento dos fenómenos da pobreza, marginalização e de exclusão social.

Só poderia no futuro ser na Presidência da República, se o povo o permitisse, um Presidente insensível, frio e programado, que jamais compreenderá os problemas humanos. Jamais aceitará receber de forma aberta e sem reservas quem clama por justiça. Jamais compreenderá quem trabalha e vive a contar dias até ao fim do mês.

De facto quem no passado acentuou a deriva autoritária com a polícia de choque em roda livre contra os trabalhadores e outras camadas população.

De facto quem no passado transformou as instituições democráticas que exigiam o respeito pela legalidade democrática, em forças de bloqueio, para impor o seu mando.

Seria no futuro, se o povo o permitisse, a arrogância e a prepotência na Presidência da República.

De facto quem no passado incentivou a utilização contra os seus adversários os métodos típicos da “ caça às bruxas” e agora se converte no candidato suave.

De facto quem no passado percorreu os trilhos da cruzada anticomunista para justificar o implacável governante das privatizações e agora se transforma, no candidato “light” que os comentadores permanentes e encartados passaram a erigir como símbolo da suprema inteligência da táctica eleitoral.
(...)

É uma força que nasce dos trabalhadores dos mais diversos sectores, da agricultura, da pesca, da indústria, dos serviços e da administração pública.

Que nasce dos intelectuais, quadros técnicos, dos pequenos e médios empresários, dos reformados, dos desempregados, dos jovens, das mulheres, dos cidadãos portadores de deficiência, dos emigrantes, de todos os explorados e ofendidos.

De todos os que, independentemente da sua condição social, querem justiça social, um Portugal desenvolvido e soberano aberto ao mundo.

Este comício é uma forte demonstração do apoio à nossa candidatura, um grande impulso para a afirmação, o esclarecimento e a mobilização na semana de campanha que temos pela frente, um enorme incentivo para uma grande votação no dia 22 de Janeiro.

Mas este comício é muito mais do que isso.

A grandiosidade da vossa presença, da vossa convicção, da vossa vontade, da vossa determinação e da vossa confiança é uma afirmação sem igual, de que sejam quais forem os resultados das eleições, sejam quais forem as dificuldades que se apresentem, aqui está uma força que conta e decide, uma força que vai contar na luta que continua, uma força que vai decidir do caminho da justiça social e do desenvolvimento, que vai decidir de um Portugal com futuro.

Daqui dizemos aos trabalhadores, ao povo português que contamos com o seu apoio, daqui lhe garantimos que podem também contar com esta força imensa, de luta, de alegria, de esperança e de construção do futuro.

Vamos, nestes dias que faltam manter bem alto a bandeira da esperança. A bandeira da confiança. A bandeira da determinação!

Valeu e vale a pena empunhar estas bandeiras, hoje e sempre por Portugal, pelos portugueses, com Portugal e com os portugueses. Também assim e agora a rasgar as alamedas do futuro no chão alicerçado por Abril. "